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Throwball

De forma geral, o objetivo do Thowball é marcar pontos fazendo com que a equipe adversária cometa infrações durante a troca de bola. O jogo é baseado na execução de lançamentos limpos e precisos, acima do nível do ombro, e no posicionamento correto. A equipe conquista um ponto (e geralmente o direito de sacar) quando o oponente comete erros como demorar para sacar, lançar a bola de forma incorreta, tocar nela com partes do corpo ou uniforme, ou deixá-la cair em zonas proibidas da quadra.


Origem e estruturação

A origem do Throwball remonta à década de 1930, com os seus primórdios localizados de forma independente na Inglaterra e na Austrália, onde era praticado como uma variante recreativa. A sua introdução no continente asiático, mais especificamente na Índia, ocorreu na década de 1940, através de associações cristãs, onde encontrou um terreno fértil para desenvolvimento. O desenvolvimento estrutural e a expansão internacional tiveram um impulso significativo no final do século XX e início do século XXI.


Um marco crucial para a institucionalização da modalidade foi a fundação da Federação Asiática de Throwball (ATF) em 1996, que foi seguida pela criação formal da Federação Internacional de Throwball (ITF) em 2008. O esporte acumula, assim, uma história de mais de oito décadas, atualmente contando com a afiliação de mais de 57 países, a participação de mais de 100.000 equipes, a realização de 59 eventos internacionais e a organização de 6 Campeonatos Asiáticos. A consolidação global é atestada pela criação, em 2022, das federações continentais na Europa, Américas, África e Austrália, estrategicamente distribuídas para fomentar o crescimento regionalizado.


No que tange à sua estruturação formal na Índia, berço de sua expansão moderna, Buck formulou as diretrizes preliminares do jogo pela primeira vez em 1955. Aproximadamente quinze anos depois, o esporte foi oficialmente estabelecido para homens e mulheres sob as diretrizes da Federação de Throwball da Índia (TFI) em Bangalore, liderada por Rachappa, então Diretor de Educação Física da Universidade de Bangalore.


A consolidação do esporte em nível continental deve-se em grande parte aos esforços de Ramanna, um importante promotor esportivo indiano que organizou o primeiro Campeonato Asiático de Throwball em Calcutá, em 1992. Sob sua liderança, a ATF foi reestruturada e foram redigidos os primeiros esboços de regras codificadas. O desenvolvimento contínuo levou à edição do primeiro livro de Regras e Regulamentos do Throwball por Dayanand, sob a direção de Ramanna. A visão estratégica de Ramanna foi fundamental para a transição da organização do nível asiático para o nível internacional, com a ITF sendo efetivamente impulsionada a partir de 2000, culminando na organização do primeiro Campeonato Mundial no Egito e nos Emirados Árabes Unidos.


Características, Fundamentos e Regras do Jogo

O Throwball é caracterizado pela sua natureza flexível e ampla acessibilidade, podendo ser praticado em ambientes internos (ginásios) ou externos (campos abertos), adaptando-se a diversos contextos sociopedagógicos como escolas, centros comunitários, ambientes corporativos e arenas profissionais. Trata-se de uma modalidade acessível (Affordable), que incorpora uma significativa dimensão cognitiva em sua prática.


A fundamentação científica do Throwball, conforme propõe a ITF, está intrinsecamente ligada a princípios da medicina integrativa. Segundo a federação, a execução dos movimentos - que envolvem lançamentos, recepções e torções corporais - estimula pontos de acupressão localizados nas palmas das mãos, nos pés e ao longo do corpo. A acupressão, técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa, utiliza a pressão em pontos específicos para estimular o fluxo de energia (Qi) e promover o equilíbrio e o bem-estar. Paralelamente, a necessidade de coordenação motora bilateral - utilizando ambos os lados do corpo para receber e lançar a bola - promove a ativação integrada dos hemisférios cerebral esquerdo e direito, potencialmente melhorando funções como cognição, concentração e coordenação neuromuscular.


A Quadra e os Equipamentos

O Throwball é jogado em uma área retangular e simétrica. Para as categorias Sênior, Juvenil e Júnior, as dimensões oficiais da quadra são de 18,30 metros de comprimento por 12,20 metros de largura. Para as categorias Sub-Junior e Mini, as dimensões são reduzidas para 15,30m x 9,20m, adequando-se ao desenvolvimento físico dos praticantes.

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A altura da rede, fixada em postes laterais, varia conforme a categoria e o gênero: 2,30m para Homens, Mulheres (Sênior) e Juvenis; 2,20m para Juniores (Meninos e Meninas); e 2,00m para Sub-Juniores e Mini. A superfície de jogo deve ser plana, lisa e uniforme, sendo proibido jogar em superfícies ásperas ou escorregadias para garantir a integridade física dos atletas.


A quadra é demarcada por linhas de 5 cm de largura. Um elemento estrutural central do Throwball é a Box/Neutral Zone (Zona Neutra), marcada por duas linhas paralelas à linha central, a uma distância de 1,5m (1,0m para Sub-Juniores). A área de jogo em cada lado da quadra é ainda subdividida em três zonas iguais (Zona Frontal, Zona Central e Zona de Fundo) por linhas tracejadas, que orientam o posicionamento tático.


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A Zona Neutra é um componente crítico para a dinâmica do jogo, impondo restrições rigorosas:

  • Toque do Jogador: É falta se qualquer jogador tocar a linha que delimita a Zona Neutra durante a rally;

  • Contato da Bola: Qualquer bola que caia dentro dos limites da Zona Neutra ou sobre sua linha demarcatória é considerada uma "bola morta" (dead ball);

  • Penalidade: A consequência para essa infração é a perda imediata de um ponto e a posse de saque para a equipe adversária;

  • Exceção no Saque: Embora uma bola que caia em qualquer outra linha da quadra seja considerada válida, se a bola de saque tocar a linha da Zona Neutra, a ação é considerado inválida.


A quadra é contornada por uma Free Zone (Zona Livre) de 3 metros (ou 5 metros em Competições Internacionais), destinada exclusivamente à circulação de jogadores substitutos e oficiais. Os postes de suporte da rede, com 10 cm de diâmetro e pintados na cor branca, devem ser instalados a 45 cm das linhas laterais (ou 1 m de distância em Competições Oficiais da ITF).


O equipamento principal, a bola, deve ser esférica, de cor amarelo-limão com listras verde-escuras, e confeccionada em couro sintético. Suas especificações métricas oficiais são: circunferência de 70 cm (quando inflada), peso entre 440 e 460 gramas, e pressão interna entre 0,6 e 1,1 atmosfera. Em competições oficiais, é obrigatório o uso de bolas homologadas pela ITF, sendo disponibilizadas no mínimo três unidades por partida.


Composição da Equipe e Dinâmica de Jogo

Uma equipe de Throwball é composta por um máximo de quinze jogadores registrados. Durante o jogo, apenas sete jogadores podem estar em quadra. O sistema de substituição permite a troca de até cinco jogadores por set, sendo obrigatório que seja uma substituição um-por-um. Uma partida é considerada inválida se uma equipe iniciar com menos de sete jogadores, a menos que a redução decorra de uma expulsão por infração disciplinar.


O posicionamento inicial dos jogadores na quadra segue um sistema de rotação em formato de "Z", movendo-se no sentido horário a partir da Posição 1. Cabe ao jogador na Posição 7 a responsabilidade de executar o saque. Os uniformes devem ser de cores sólidas, com numeração visível de 01 a 99 na frente e nas costas, cabendo ao capitão da equipe a identificação por meio de uma fita de cor distinta no braço.


Regras de Manuseio da Bola e Pontuação

As regras que regem o manuseio da bola são precisas e conferem a identidade técnica ao esporte:

  • Serviço (Saque): Deve ser executado com a palma de uma das mãos, acima do nível do ombro, em um movimento único. O sacador dispõe de 5 segundos após o apito do árbitro, devendo permanecer integralmente dentro da área de serviço.

  • Bola em Jogo (Rally):

    • O jogador não pode deslocar-se mais de um passo enquanto recebe e devolve a bola;

    • A recepção deve ser feita obrigatoriamente com as duas mãos, enquanto a devolução deve ser executada com apenas uma mão;

    • É proibido saltar para receber ou segurar a bola no ar - o contato com o solo é obrigatório durante a recepção;

    • O lançamento de devolução deve ser realizado acima do nível do ombro;

    • O jogador tem um limite de três segundos para controlar a bola (trazendo-a ao nível do ombro, se recebida alta) e lançá-la;

    • A prática do "shifting", que consiste em mudar a bola de um lado do corpo para o outro antes do lançamento, é considerada falta.


O sistema de pontuação adotado é o Rally Score, onde cada rally resulta em um ponto, independentemente de qual equipe sacou. As partidas são disputadas em melhor de cinco sets, sendo cada set vencido pela equipe que primeiro atingir 25 pontos, com uma diferença mínima de dois pontos. Em caso de empate em 24x24, o set prossegue indefinidamente até que uma equipe obtenha tal vantagem, exceto quando o placar alcança 26x26, onde o ponto seguinte define o set. No set decisivo (5º set), as equipes trocam de lado quando uma delas atinge o 13º ponto.


O regime disciplinar é administrado por meio de cartões: o Cartão Amarelo serve como advertência formal, enquanto o Cartão Vermelho resulta na expulsão do jogador para o set em curso. Infrações graves podem acarretar em desclassificação do atleta do torneio.



Throwball para saúde, inclusão e profissionalização

Um dos pilares centrais da filosofia do Throwball é a sua característica de inclusão universal, materializada no conceito "Throwball para Todos". De acordo com a ITF, seus benefícios terapêuticos e de bem-estar são amplamente difundidos, com a modalidade sendo utilizada para melhorar a saúde de pacientes, inclusive por meio de sessões virtuais realizadas durante a pandemia de COVID-19 para idosos em confinamento domiciliar.


O esporte é direcionado a populações específicas, reforçando seu papel social e terapêutico:

  • Para a Terceira Idade: Atua como uma ferramenta auxiliar no combate ao envelhecimento (Anti-Ageing), promovendo vitalidade, auxiliando na prevenção de problemas renais e, conforme alegado pela ITF, na redução de rugas após quatro semanas de prática consistente;

  • Para Crianças e Jovens: Contribui para o desenvolvimento do poder cerebral e do rendimento acadêmico, dada a exigência de tomada de decisão rápida e coordenação motora complexa;

  • Para Pessoas com Deficiência (PcD): Existem modalidades adaptadas para cadeirantes e pessoas com necessidades especiais, aprimorando a coordenação olho-mão e o desenvolvimento neuromuscular, particularmente em crianças com deficiência intelectual;

  • Para a Comunidade LGBTQ+: A ITF promove iniciativas de inclusão para este público, visando fomentar confiança e engajamento comunitário seguro, tendo sido realizado o primeiro Torneio de Throwball para Transgêneros em Erode, Tamil Nadu, Índia, em agosto de 2021;

  • Em Contextos de Reabilitação: O esporte é utilizado como coadjuvante em programas de reabilitação para uma recuperação mais rápida de vícios em álcool e outras drogas.


No âmbito da profissionalização, a ITF está empenhada em criar oportunidades de emprego para árbitros, treinadores e, notavelmente, para a função certificada de Throwball Therapist (Terapeuta de Throwball), uma carreira que exige formação acadêmica específica. A incorporação do esporte em programas de Corporate Wellness (Bem-Estar Corporativo) visa melhorar o desempenho no trabalho e desenvolver equipes mais coesas e saudáveis.


Expansão Global e Consolidação Estratégica

A expansão internacional do Throwball é atestada pela sua presença consolidada nos cinco continentes. No continente americano, está presente no Canadá e EUA; na África, conta com federações nacionais em países como Quênia, África do Sul, Egito, Senegal e Moçambique; na Europa, inclui nações como Suíça, Reino Unido, Portugal, Itália, França e Espanha; e na Ásia, sua principal base, abrange desde a Índia, seu epicentro, até países como Sri Lanka, Paquistão, Japão, Coreia do Sul, China e Emirados Árabes Unidos.


A ITF participa ativamente de fóruns esportivos de alto nível, como o SportAccord 2024 no Reino Unido e o CISA & AFGOAL 2025 no Senegal, buscando maior representatividade e reconhecimento perante o Comitê Olímpico Internacional. A manutenção de um calendário robusto de eventos, como a realização de quatro Torneios Para Throwball Internacionais em 2023, o 45º Evento Nacional de Throwball na Índia e torneios intercolegiais consistentes no Sri Lanka, demonstram a vitalidade e o crescimento orgânico contínuo da modalidade.


Agradecimentos

Gostaríamos de manifestar nosso profundo agradecimento à Federação Internacional de Throwball (ITF) pela disponibilidade e pelo acesso concedido às informações indispensáveis para a realização desta pesquisa. Um agradecimento especial é direcionado à Sra. Nethra KR, Assistente Executiva da ITF, pela pronta e qualificada assistência. O projeto Almanaque da Cultura Corporal agradece imensamente a colaboração.



Referências


INTERNATIONAL THROWBALL FEDERATION. Official Throwball Rules: the official docuent of throwball. Official Throwball Rules Manual (2017-2020).


INTERNATIONAL THROWBALL FEDERATION. Brochure.

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