Tênis de mesa (Pingue-Pongue)
- Gabriel Garcia Borges Cardoso
- 2 de mai.
- 6 min de leitura

O tênis de mesa, também conhecido como pingue-pongue, é um esporte de raquete que se consolidou como uma das modalidades mais populares e acessíveis do mundo. Sua origem remonta ao século XIX, na Inglaterra, onde surgiu como uma adaptação do tênis tradicional para ambientes fechados.
Ao longo do tempo, o esporte passou por significativas transformações em suas regras, materiais e organização competitiva, expandindo-se globalmente e tornando-se uma modalidade olímpica e paralímpica de destaque.
Este texto foi escrito especialmente aos meus alunos e minha alunas que, empolgados pela aquisição de uma mesa de Tênis de mesa/Pingue-Pongue, estão vivenciando, sempre que possível, essa modalidade divertida e cativante.
Origens e Consolidação do Tênis de Mesa
O tênis de mesa teve suas primeiras manifestações na Inglaterra, durante a segunda metade do século XIX, como um passatempo social praticado em ambientes internos, especialmente no inverno, quando as condições climáticas dificultavam a prática do tênis de campo. Inicialmente, os jogadores improvisavam equipamentos, utilizando livros como rede, bolas de cortiça ou borracha e raquetes feitas de madeira, papelão ou até mesmo tampas de caixas de charutos.
A padronização do jogo começou a tomar forma quando James Gibb, um ex-maratonista inglês, introduziu bolas de celuloide levadas dos Estados Unidos, as quais produziam um som característico ao serem rebatidas, originando o termo "pingue-pongue". A popularização do nome "Ping Pong" foi consolidada pela empresa J. Jaques and Son, que registrou a marca no final do século XIX, enquanto a Parker Brothers deteve os direitos nos Estados Unidos.

A organização do esporte em nível competitivo começou em 1901, com a criação da Ping-Pong Association, posteriormente substituída pela Table Tennis Association em 1922. Em 1926, foi fundada a International Table Tennis Federation (ITTF), responsável pela regulação e promoção do esporte em escala global.
Uma das maiores inovações técnicas ocorreu na década de 1950, com a introdução das raquetes com borracha esponjosa, que revolucionou o jogo ao permitir maior controle e efeito nas bolas.
O Tênis de Mesa no Brasil
No Brasil, o tênis de mesa foi introduzido por turistas e imigrantes ingleses por volta de 1905, mas somente em 1912 ocorreu o primeiro torneio organizado, em São Paulo, vencido pelo Vitória Ideal Clube. A prática inicialmente restringia-se a clubes e residências, sem uma estrutura formal até a década de 1940.
O eMuseu do Esporte possui uma exposição on-line sobre a história do Tênis de Mesa no Brasil, vale a pena conferir!
Em 1942, atletas do Rio de Janeiro e São Paulo, liderados por De Vicenzi, articularam a tradução das regras internacionais e a oficialização do esporte pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD). A participação brasileira no 3º Campeonato Sul-Americano, em 1947, marcou o início do intercâmbio internacional, fundamental para o desenvolvimento da modalidade no país.
A consolidação institucional ocorreu em 30 de maio de 1979, com a fundação da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), que passou a gerir o esporte de forma independente, impulsionando sua expansão e profissionalização.
Em 2025, mais especificamente no dia 20 de abril, Hugo Calderano, após ser campeão mundial de Tênis de Mesa, torna-se o primeiro atleta das américas a ganhar essa competição. Em sua maior conquista da carreira, Calderano superou os três melhores jogadores do ranking mundial: nas quartas de final, venceu o japonês Harimoto Tomokazu; na semifinal, derrotou Wang Chuqin; e, na decisão, triunfou sobre o então número 1 do mundo, Lin Shidong, por 4 sets a 1 (6-11, 11-7, 11-9, 11-4 e 11-5), consolidando um desempenho histórico.
O Tênis de Mesa como Esporte Paralímpico
O tênis de mesa paralímpico foi incluído no programa dos Jogos Paralímpicos em Roma (1960), inicialmente apenas para cadeirantes. A modalidade para atletas em pé foi introduzida em Toronto (1976), ano em que o Brasil fez sua estreia.
As regras paralímpicas são semelhantes às do tênis de mesa convencional, com adaptações, como, por exemplo, no jogo entre cadeirantes, o saque deve seguir uma trajetória específica.
Os atletas são classificados em 11 categorias, sendo cinco para cadeirantes (classes 1 a 5), cinco para andantes (classes 6 a 10) e uma para deficientes intelectuais (classe 11).
O Brasil obteve suas primeiras conquistas significativas em Pequim (2008), com a prata de Welder Knaf e Luiz Algacir. No Rio 2016, a delegação nacional alcançou quatro medalhas, incluindo prata e bronze individuais (Israel Stroh e Bruna Alexandre). Em Tóquio 2020, o país somou mais três pódios, destacando-se Bruna Alexandre (prata) e Cátia Oliveira (bronze).
Principais regras do Tênis de Mesa
Contagem de Pontos
As partidas são disputadas em sets de 11 pontos, e, em caso de empate em 10 a 10, vence quem abrir dois pontos de vantagem.
Nas modalidades de simples (individual) e duplas (incluindo mistas), a disputa segue o sistema melhor de sete sets (vencendo quem alcançar quatro primeiro), enquanto nas competições por equipes, adota-se o melhor de cinco sets (três sets para vencer a partida).
Os jogadores trocam de lado da mesa a cada set finalizado.
O Saque
Toda jogada inicia-se com o saque, que deve seguir regras específicas:
O sacador deve segurar a bola com a mão aberta, lançá-la verticalmente (mínimo de 15 cm) e golpeá-la de modo que toque primeiro em seu lado da mesa, passe sobre a rede e quique no lado adversário.
Se a bola tocar a rede antes de quicar no campo oposto ("let", ou o famoso "queimou"), o saque é repetido.
Um saque inválido (fora da mesa, sem quique no próprio lado ou executado incorretamente) concede o ponto ao adversário.
Após o saque, a bola deve ser rebatida alternadamente, com apenas um toque por jogador, sempre após o quique na mesa.
Rodízio nas Duplas
Nas partidas de duplas, os jogadores devem alternar as rebatidas (um saca, o outro recebe, e assim sucessivamente). O saque é sempre diagonal, partindo do lado direito do sacador em direção ao lado direito do receptor. A cada dois pontos, o direito de sacar passa para a outra dupla, com os jogadores trocando a ordem de recepção.
Marcação de Pontos
Um ponto é concedido quando:
A bola não é devolvida corretamente (quica duas vezes na mesa, vai para fora ou encosta na rede sem passar).
O adversário toca a bola com o corpo ou apoia a mão livre na mesa durante a jogada.
O adversário interfere no movimento da bola antes do quique em seu lado.
As Raquetes
A raquete de tênis de mesa pode variar em tamanho, forma e peso, mas deve ser composta por pelo menos 85% de madeira natural. Suas faces são revestidas com borracha, sendo obrigatoriamente preta de um lado e vermelha (ou outra cor contrastante) do outro. Essa distinção de cores permite que os jogadores e árbitros identifiquem qual lado está sendo usado durante as jogadas. Com o avanço tecnológico, as raquetes modernas proporcionam maior controle e velocidade, contribuindo para que a bola atinja mais de 150 km/h em rebatidas potentes.
Tipos de Empunhadura
A forma como o jogador segura a raquete define seu estilo de jogo, influenciando na precisão, força e velocidade das jogadas. Os dois principais tipos de empunhadura são:

Empunhadura Caneta (Penhold):
O jogador segura a raquete como se estivesse segurando uma caneta, com os dedos polegar e indicador posicionados na parte frontal do cabo e os demais dedos apoiados atrás. Nesse estilo, apenas um lado da raquete é utilizado para rebater a bola, o que proporciona maior agilidade e velocidade, sendo muito comum entre jogadores asiáticos.

Empunhadura Clássica (Shakehand):
A pegada é semelhante a um aperto de mão, com todos os dedos envolvendo o cabo, exceto o indicador, que fica estendido ao longo da borracha. Nessa técnica, ambos os lados da raquete podem ser usados, permitindo maior variedade de golpes e potência, sendo a preferida pela maioria dos jogadores ocidentais.
Essas diferenças na empunhadura permitem adaptações táticas e estilos de jogo distintos, tornando o tênis de mesa um esporte versátil e dinâmico.
O tênis de mesa passou por um processo de evolução contínua, desde suas origens como atividade recreativa até sua consolidação como esporte de alto rendimento e modalidade olímpica e paralímpica. No Brasil, sua trajetória foi marcada por períodos de crescimento e estagnação, mas a fundação da CBTM e os recentes resultados em competições internacionais demonstram seu potencial de desenvolvimento. Como esporte paralímpico, o tênis de mesa destaca-se pela inclusão e adaptabilidade, consolidando-se como uma das modalidades mais dinâmicas e acessíveis do mundo.
Referências:
FREITAS, Armando; BARRETO, Marcelo. Almanaque Olímpico. Comitê Olímpico do Brasil, 2024.
HISTÓRIA DO TÊNIS DE MESA. Disponível em: https://www.cbtm.org.br/conteudo/detalhe/5
HISTÓRICO DO BRASIL: Disponível em: https://www.cbtm.org.br/conteudo/detalhe/3
TÊNIS DE MESA. Disponível em: https://cpb.org.br/modalidades/tenis-de-mesa/
TÊNIS DE MESA. Disponível em: https://www.olympics.com/pt/esportes/tenis-de-mesa/
THE HISTORY AND EVOLUTION OF TABLE TENNIS. Disponível em: https://us.cornilleau.com/content/71-the-history-of-table-tennis
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